segunda-feira, 28 de setembro de 2009

MODELO DE PROJETO DO GESTAR II









Escola Municipal “Boa Esperança”
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar
Professora: Silvia Macedo Lopes
Turmas: 5ª,6ª e 7ª série











A INFLUÊNCIA DO LAZER NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ( aula da saudade)


O presente projeto é
para cumprimento de um dos
requisitos exigidos pelo gestar
II de Língua Portuguesa.



“ O segredo do sucesso é
fazer do seu dever o seu lazer”

(Mark Twain)






São José dos Quatro Marcos – MT, Setembro de 2009.


MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E CULTURA
ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO JOSÉ DOS QUATRO MARCOS
ESCOLA MUINICIPAL “BOA ESPERANÇA”
PROGRAMA GESTAR II DE LÍNGUA PORTUGUESA
FORMADORA MILTS DE SOUZA LADEIA
CURSISTA SILVIA MACEDO
TURMAS 5ª, 6ª E 7ª SÉRIE


A INFLUÊNCIA DO LAZER NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM (aula da saudade)






São José dos Quatro Marco -MT, Setembro a Novembro de 2009

Introdução



Afirma Gomes (2004) que a escola enquanto espaço de transmissão de um conhecimento elaborado, dialoga com áreas de conhecimento diferenciadas, com isso a questão do lazer nesse espaço se mostra enquanto campo que se pode contribuir para a formação desse sujeito inserido nessa instituição educativa de forma a vivenciar em diversos conteúdos culturais, inserindo – o diversos valores e atitudes, onde a dimensão da cultura é constituída por meio de vivência lúdica de manifestações culturais em um espaço e tempo conquistados pelo sujeito estabelecendo assim relações dialéticas com as necessidades, obrigações e deveres.
No campo da educação pode – se identificar as atividades de lazer como ações integradas dos “Quatro pilares da educação”, aprender a conhecer e pensar, aprende a fazer, aprender a viver juntos , aprendendo a viver com os outros e aprender a ser. Será utilizado o tempo dedicando – se a atividades que os alunos gostem de fazer, o que não significa que sejam sempre as mesmas atividades.
Com este enfoque de educação pelo lazer, adquire um caráter funcional, pois direciona a educação usando o lazer como um ”veículo de aprendizagem”, onde é válido ressaltar que este caráter funcional esteve muito presente no programa que se irá trabalhar o lazer, em aulas práticas, através da produção de textos e leitura.






Justificativa





A escola Boa Esperança é uma escola da zona rural que fica na Comunidade Barra Clara, município de São José dos Quatro Marcos e os alunos dessa escola nasceram nessa comunidade e não conhecem a capital Cuiabá e também um zoológico, por isso esse projeto
tem como finalidade desenvolver uma aula da Saudade com as turmas da 5º, 6º e 7º Série, onde o educando possam expressar-se e comunicar-se por meio do conhecimento de mundo onde vivemos, favorecendo com isso o desenvolvimento da percepção e da sensibilidade. O desejo dos educandos sobre essa aula/campo no Zoológico da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso – UFMT, surgiu durante uma aula de Português sob a orientação da Professora Silvia Macedo Lopes, onde após um levantamento prévio com os mesmos observou que 100% dos alunos ali pesquisados nunca foram ao zoológico e não conhecem os animais da nossa fauna brasileira e até mesmo mato - grossense, com isso baseando no Estatuto da criança e do adolescente, no Capitulo 1 e artigo 71, onde se diz: “ A criança e o adolescente tem direito a informação, cultura, lazer, desportos e diversos espetáculos, se faz necessário uma visita ao respectivo zoológico ampliando com isso seus conhecimentos e despertando suas curiosidades pessoais. Nessa perspectiva o presente projeto pretende desenvolver um trabalho de leitura e produção de texto através de estratégias atrativas para o aluno, possibilitando – o a além de cumprir com as atividades propostas, conhecer lugares e culturas diferentes, através do lazer.


Metodologia




No dia 10 de outubro de 2009, na semana da criança será realizada uma aula campo da disciplina de Língua Portuguesa com os educandos da escola Municipal “Boa Esperança”, no Zoológico da UFMT, em Cuiabá. Os métodos empregados serão as observações de cada educando a olho nu, registros através de filmagens, fotos e um diário individual relatando todo o seu conhecimento e aprendizado. Depois já em sala cada aluno produzirá uma avaliação reflexiva sobre o nosso trabalho.































Objetivo Geral

- Proporcionar conhecimento de lugares e curiosidades/comparação da zona rural para a zona urbana.






Objetivos Específicos

 Fortalecer o laços de amizade entre os Educandos;
 Despertar a imaginação;
 Mostrar o novo e conhecer algo até então não conhecido;
 Quebrar barreiras entre sonhos e realidade;
 Proporcionar criação de um diário individual para relatar a viagem utilizando as disciplinas de Língua Portuguesa, Geografia, Historia e Ciências;
 Produzir textos.





AVALIAÇÃO
A avaliação será realizada de acordo com o interesse, participação, compromisso, envolvimento e realização das atividades propostas durante a realização do projeto.


CONCLUSÃO



CRONOGRAMA

SETEMBRO – Discussão com os alunos sobre o projeto.
- Solicitação de transporte;
- Organização para a viagem.

OUTUBRO – Autorização dos pais;
- Viagem/Aula Campo;
- Produções dos trabalhos.

Novembro – Apresentação dos resultados para toda a comunidade escolar, através de cartazes e textos.

















DESPESAS

Transporte -------------------------------------------------------------1000,00
Alimentação-------------------------------------------------------------550,00
Digitação------------------------------------------------------------------45,00
Fotografias----------------------------------------------------------------85,00
Encadernação-----------------------------------------------------------120,00
Materiais diversos-------------------------------------------------------68,00

Total--------------------------------------------------------------------1868,00
















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR-GESTAR II DE LÍNGUA PORTUGUESA – TPS E AAAS

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

RELATÓRIO DA OFICINA DO TP1












MINISTERIO DE EDUCAÇÃO E CULTURA”
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
MUNICÍPIOS DE GLÓRIA D’OESTE E PORTO ESPERIDIÃO
PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR GESTAR II LÍNGUA PORTUGUESA
FORMADORA DA REDE ESTADUAL MILTS DE SOUZA LADEIA



RELATÓRIO DA OFICINA DO TP1



No dia 08 de setembro de 2009, aconteceu o encontro para a realização da oficina do TP1 – Linguagem e Cultura. Assistimos ao vídeo de motivação Amor e Arte,em seguida realizamos uma dinâmica de interpretação de texto. Fizemos também uma reflexão sobre ler e escrever, onde as cursistas continuaram a seguinte frase Ler e escrever para mim é... .Foi lido e discutido o texto de Salomão Larêdo “O siginificado social da leitura”.
Entreguei às cursistas, CDs com textos de apoio e mensagens de humor e motivação e um roteiro para elaboração do Portifólio. Houve a socialização das transposições didáticas, momento muito importante para o crescimento profissional de todos os envovidos no Programa Gestar II.
Realizamos as oficinas 1 e 2 propostas no TP1, lemos e discutimos o texto de Fidêncio Bogo “Nóis Mudemo” e “O vôo da Asa Branca: uma reflexão sobre a Linguística e o ensino da Língua Portuguesa dentro da música de Luiz Gonzaga Asa Branca, texto de Dionei M Gomes, drº em Linguística. Conversamos sobre o projeto trocamos idéias e esclarecemos dúvidas. Como sempre nosso encontro foi de grande aproveitamento e de troca de experiências.

ANALISE DO FILME DESMUNDO


Brasil de 1500, o filme retrata uma realidade, ainda que incerta, pois há poucos registros da época, porém intrigante dos tempos do Descobrimento do Brasil. É importante não só o contexto cultural, como também o social e econômico da época.
Infere-se do filme que o Brasil retratado era uma verdadeira miscelânea de costumes e culturas afinal havia por aqui índios, negros africanos, portugueses e tudo mais, cada um com sua cultura diversificada num único território onde se buscava tão somente a sobrevivência. Era preciso lutar por seus direitos na garra, pois ao que parecia, o Brasil era terra de ninguém, pelo menos no que se refere à trama. Havia resistências quanto à assimilação e a difícil adaptação de novos valores e com isso se desenvolve o filme.
Observando o contexto social, os ricos da época eram na verdade, homens toscos, que exercia certa influência por conseguirem manter sobre seu domínio índios e escravos em suas lavouras de modo que detinham o poder nas mãos. A Igreja também tinha um papel fundamental naquela sociedade e valia de sua influencia para “domar e domesticar” os índios através da fé, e com isso conseguir benevolência por parte dos ricos da época. As mulheres, assim como os índios e negros também não era valorizada e com isso era vendida afim de somente suprir as necessidades sexuais e domésticas daqueles homens tão rudes e massacrados pela triste realidade da época. A sociedade era patriarcal e ao homem cabia o sustento do lar e a provisão da família, quer fosse o pai , quer fosse o filho mais velho. Às mulheres, cabia- lhes as tarefas do lar, a criação dos filhos e o apoio ao marido.
A economia valia-se da agricultura, do plantio da lavoura, até porque servia-lhes para a própria sobrevivência. Dali ocorria à troca de escravos, o comércio de mulheres, a troca de favores e tudo isso proveniente dos traços sociais, culturais e econômicos da época.

A Trama do filme revela a vida de uma jovem, recém trazida para o Brasil e vendida para um desses fazendeiros. Levada para um engenho de açúcar, contra a vontade, porém, ciente de que necessitava sobreviver naquele novo mundo hostil, Oribela acaba usando de artimanhas femininas para fugir de suas obrigações de mulher, o que não convence seu marido por muito tempo e esse então acaba por tomá-la a força. Ela, sentindo-se violada e agredida, tenta fugir, porém é capturada e levada a ficar acorrentado, como um animal, o que deixa claro a desvalorização da mesma e o domínio do homem sobre a mulher. Uma boa parte do filme trata dos dias no cativeiro e finalmente sua fuga e seu reencontro com um rapaz pelo qual ela se apaixona ainda no início do filme.
A moça acaba sendo capturada e ao que infere do texto, teve um filho de seu amado e seu marido o cria como sendo seu.
A linguagem dos personagens do filme é rica e diversificada, uma mistura de idiomas e dialetos, perpassando pelo português de Portugal, o latim, a língua africana e outros. O cenário do filme se dá na era pré-colonial e os personagens retratados são na realidade, pessoas comuns, de personalidade duvidosa e que vieram tentar a sobrevivência no Brasil, homens broncos, rudes e ao mesmo tempo guerreiros e valentes. Oribela demonstra com seu personagem, que a mulher, apesar de pouco valorizada, pode manter seu domínio através de meios e ferramentas sutilmente femininas.

domingo, 6 de setembro de 2009

NORMA CULTA TEXTO DE APOIO AO TP1

Norma culta e língua-padrão - II

M. T. Piacentini




Para os lingüistas, a língua-padrão se estriba nas normas e convenções agregadas num corpo chamado de gramática tradicional e que tem a veleidade de servir de modelo de correção para toda e qualquer forma de expressão lingüística.

Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de acordo com padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não pode haver homogeneidade quando o mundo real apresenta uma heterogeneidade de comportamentos lingüísticos, todos igualmente corretos [não se pode associar “correto” somente a culto].

Em suma: há uma realidade heterogênea que, por abrigar diferenças de uso que refletem a dinâmica social, exclui a possibilidade de imposição ou adoção como única de uma língua-modelo baseada na gramática tradicional, a qual, por sua vez, está ancorada nos grandes escritores da língua, sobretudo os clássicos , sendo pois conservadora. E justamente por se valer de escritores é que as prescrições gramaticais se impõem mais na escrita do que na fala.

“ A cultura escrita, associada ao poder social , desencadeou também, ao longo da história, um processo fortemente unificador (que vai alcançar basicamente as atividades verbais escritas), que visou e visa uma relativa estabilização lingüística, buscando neutralizar a variação e controlar a mudança. Ao resultado desse processo, a esta norma estabilizada, costumamos dar o nome de norma-padrão ou língua-padrão ” (Faraco, Carlos Alberto, “Norma-padrão brasileira”. In Bagno, M. (org.). Lingüística da norma . SP: Loyola, 2002, p.40).

Aryon Rodrigues (in Bagno 2002, p.13) entra na discussão: “ Freqüentemente o padrão ideal é uma regra de comportamento para a qual tendem os membros da sociedade, mas que nem todos cumprem, ou não cumprem integralmente ”. Mais adiante, ao se referir à escola, ele professa que nem mesmo os professores de Língua Portuguesa escapam a esse destino: “ Comumente, entretanto, o mesmo professor que ensina essa gramática não consegue observá-la em sua própria fala nem mesmo na comunicação dentro de seu grupo profissional ” (p. 18).

Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há brasileiro – nem mesmo professores de português – que não fale assim:

- Me conta como foi o fim de semana...

- Te enganaram, com certeza!

- Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi mandado embora?

Ou mesmo assim:

- Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem machucados.

- Conheço ela há muito tempo – é ótima menina.

- Acho que já lhe conheço, rapaz.

Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso às regras padronizadas, incutidas no processo de escolarização, se exprimem desse modo, essa é a norma culta . Já as formas propugnadas pela gramática tradicional e que provavelmente só se encontrariam na escrita [ conta-me como foi / enganaram-te / explica-me uma coisa / pois os encontrei / conheço-a há tempos / acho que já o conheço ] configuram a norma-padrão ou língua-padrão .

Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma polarização entre a norma-padrão (também denominada “norma canônica” por alguns lingüistas) e o conjunto das variedades existentes no Brasil, aí incluída a norma culta , no senso comum não se faz distinção entre padrão e culta. Para os leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem, que se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a norma culta.

Fica evidente em todas as consultas recebidas no saite Língua Brasil que as pessoas transitam pela norma culta e norma-padrão sem fazer distinção entre as duas, pois é realmente tênue a linha demarcatória entre elas.



Sobre a autora:

Maria Tereza de Queiroz Piacentini é catarinense, professora de Inglês e Português, revisora de textos e redatora de correspondência oficial há mais de vinte anosEm 1989 foi responsável pela revisão gramatical da Constituição do Estado de Santa Catarina e no ano seguinte publicou artigos sobre questões vernáculas em diversos jornaisRetoma agora a publicação de colunas semanais com temas atualizados, em vista da experiência adquirida e das inúmeras consultas que lhe têm feito pessoas de todo o País depois que lançou o livro Só Vírgula Método fácil em 20 lições (UFSCar, 1996, 164p.)Também teve publicados, em 1986, dez módulos da Instituição Técnica Programada ITP, Português para Redação, edição esgotada.

Hompege: www.linguabrasil.com.br



BAGNO, Marcos. A norma oculta - língua & poder na sociedade brasileira. 2ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. ISBN: 85-88456-12-5, p. 194.

Sem dúvida, Marcos Bagno vem, a cada dia, se destacando mais no meio lingüístico com seus vorazes ataques aos preconceitos lingüísticos promovidos no cotidiano pelas grandes gramáticas e seus autores, que difundem há muito tempo os preceitos dos antigos gramáticos gregos e não parecem entender as mudanças naturais da língua. Desde 1997, o autor vem mantendo seus escritos atualizados com diversificada publicação na área da Lingüística, publicando, pelo menos, um livro por ano. Sua literatura acadêmica está comprometida com debates acerca do "preconceito lingüístico", e assim continua fazendo com mais esta publicação: A norma oculta.

Nessa obra o autor discute conceitos, revela tratamentos preconceituosos na mídia, faz uma viagem histórica importante pela língua portuguesa vinda d'além mar e, por fim, intensifica a sua luta contra o preconceito lingüístico propondo uma gramática do português brasileiro.

O livro está dividido em cinco grandes e principais blocos (Prólogo; capítulos 1, 2 e 3; Epílogo). E como diz o próprio editor: "A norma oculta desvenda o jogo ideológico por trás da defesa de um conjunto padronizado de regras lingüísticas, retira o disfarce de uma discriminação que é, em tudo, social, ao demonstrar que a própria negação da existência do preconceito lingüístico é prova mais do que eloqüente de que as coisas não podem seguir como estão".

Agora passemos a analisar cada um dos grandes blocos do livro de forma resumida.



Prólogo: mídia, preconceito e revolução

O autor organiza suas idéias relembrando, inicialmente, o lingüista britânico James Milroy, que diz: "... o último baluarte da discriminação social explícita continuará a ser o uso que uma pessoa faz da língua" (p.13). E a seguir cita trechos da colunista política do Jornal do Brasil, Dora Kramer, em 10/11/2002, sobre os "crassos e constantes erros de português" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, um assunto que sempre esteve à tona em todas as eleições presidenciais, desde que o operário Lula se candidatou (1989, 1994 e 1998). E nem mesmo com sua vitória tal marca preconceituosa deixou ou deixará de existir na mídia.

Também deixa claro o autor, depois de tanto tempo pesquisando e discutindo sobre preconceito lingüístico, que, na verdade, chegou à conclusão que o preconceito é social. Lamenta que a língua, apesar de uma atividade social, ainda é vista como algo desordenado, sem sentido ou sem valor, quando seu usuário não obedece aos preceitos normativos da gramática, que é a forma a que reduziram a língua. Ou seja, a língua é a norma, é a gramática.

Bagno passa a fazer uma análise crítica do próprio texto da colunista Dora Kramer, evidenciando o quanto suas informações estão defasadas e equivocadas quanto aos conceitos empregados e o que se vem implementando nas escolas hoje. Cita, inclusive, exemplos retirados do próprio texto da colunista e tantos outros de diversos jornais que demonstram impropriedades ou "erros", como cita a colunista. No entanto, demonstra cientificamente que são casos tão freqüentes no uso da língua que não deveriam ser tratados como erros, mas sim como regras.

Quanto ao presidente Lula e a muitos cidadãos brasileiros, ele resume: "Lula é um usuário extremamente competente dos múltiplos gêneros discursivos que tem à sua disposição - e este é o verdadeiro significado de saber 'falar bem' uma língua" (p. 36).



Capítulo um: Por que "norma"? Por que "culta"?

O autor inicialmente questiona a que tipo de norma culta se referem os que direta ou indiretamente lidam com a língua portuguesa, já que há dois sentidos para ela: 1. o que é normal, freqüente e habitual ou 2. o que é normativo, elaborado, regra imposta.

Normalmente, o sentido 2 é o mais usado e difundido, pois é o que "tem mais ampla circulação na sociedade", é o "senso comum". Segundo o autor, é mais um preconceito do que um conceito, pois trata a língua como sendo única e estática, havendo, portanto, somente uma maneira "certa" de se falar ou de se escrever. Fica parecendo que o modelo de língua é o da literatura. No entanto, sabe-se que há muito mais que a literatura escrita e que o gravador, a televisão e o rádio tem muito mais influência na vida das pessoas do que as obras literárias dos grandes autores.

A acepção 1 refere-se à linguagem concretamente empregada pelos cidadãos que pertencem aos segmentos mais favorecidos da nossa população.Ou seja, é um termo técnico usado para designar formas lingüísticas existentes na realidade social.

O autor propõe novas nomenclaturas, tendo em vista alguns impasses para o uso de norma culta.

a) Norma-padrão: para designar o modelo ideal de língua; algo que está fora e acima da atividade lingüística dos falantes.

b) Variedades de prestígio ou variedades prestigiadas: para designar as variedades lingüísticas faladas pelos cidadãos com alta escolarização e vivência urbana.

c) Variedades estigmatizadas: para designar as variedades lingüísticas que caracterizam os grupos sociais desprestigiados do Brasil.



Capítulo dois: Um pouco de história: o fantasma colonial & e a mudança lingüística

Continua o autor, neste capítulo, evidenciando os problemas recorrentes no Brasil do preconceito lingüístico, enraizados em muitos de nossos cidadãos, principalmente da elite nacional, pois é dela que surgem as duas direções do preconceito: um é de "dentro da elite para fora", enquanto o outro é "de dentro da elite para ao redor de si mesma" (p.76).

Também neste capítulo traça um percurso histórico interessante desde o período colonial, em que a língua portuguesa não era maioria no território nacional, até os dias atuais, com a existência do poder da mídia. Mantendo, inclusive a crítica aos meios de comunicação que contribuem para o alastramento do preconceito lingüístico.



Capítulo três: Por uma gramática do português brasileiro

Demonstra neste capítulo o autor a sua preocupação em se elaborar uma gramática do português brasileiro, pois só traduzindo em normas e regras esse linguajar do dia-a-dia que, talvez, houvesse uma aceitação da palavra dos pesquisadores lingüistas.

Não deixa de refazer sua crítica à gramática normativa, que recorre somente às questões de certo e errado com caráter prescricional, não se preocupando com uma análise total da obra literária para realmente admitir que neste texto as regras funcionam mesmo. Ou seja, não basta tirar alguns exemplos, que são modelos da norma padrão, e deixar de lado todo o restante da obra. As gramáticas normativas, segundo o autor, optam pelos exemplos que, de antemão, consideram bons e bonitos.

Por isso clama pela produção de dois tipos de gramática: a prescritiva e a de referência.



Epílogo: Norma [o]culta, a gramática não-escrita

Com muita propriedade, o autor, nesta conclusão, volta mais uma vez seus olhos para a maneira como as pessoas vêem a norma culta. Algo intransponível, de difícil acesso e "garantia suficiente para a inserção do indivíduo na categoria dos que podem falar; dos que sabem falar, do que têm direito à palavra" (p. 191). Enquanto, na verdade, sabe-se que a discriminação, de fato, é social. Não basta o domínio da norma-padrão para ser aceito na sociedade e não ser discriminado, pois as variantes de cor da pele, sexo, modo de se vestir etc. são mais importantes que qualquer diploma.